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Protagonismo feminino na política veio para ficar
Elisa Araújo

Elisa Araújo

Prefeita de Uberaba/MG pelo Solidariedade

"Venci as eleições de 2020, mas ainda há tentativas de desqualificação do meu discurso"

O Brasil tem 658 prefeituras comandadas por mulheres. Deste total, 63 estão em Minas Gerais e me alegro por integrar esta estatística desde o dia 1 de janeiro de 2021, quando fui empossada no cargo de Prefeita de Uberaba. Se levarmos em conta que temos 5.570 municípios no país, perceberemos que a representatividade feminina ainda está bem aquém do que poderia ser, já que somamos também o maior contingente populacional. De acordo com o IBGE, a população brasileira é composta por 48,2% de homens e 51,8% de mulheres.

Sou a primeira mulher a assumir o Poder Executivo na história do município, que tem 201 anos de existência. Nas últimas eleições municipais, conseguimos também aumentar a representatividade feminina no Poder Legislativo com a eleição de quatro vereadoras. Um feito também inédito em nossa cidade, de porte médio, com 337 mil habitantes, fruto de uma cultura tradicionalista.

Conseguir quebrar este tradicionalismo e vencer as eleições demandou um grande exercício, já que a minha caminhada no universo político iniciou-se praticamente quando decidi me candidatar a Prefeita de Uberaba pelo Solidariedade, em 2020. Até então, era uma empresária do setor industrial, que estava à frente da Federação das Indústrias de Minas Gerais Vale do Rio Grande (FIEMG). Também fui a primeira mulher, em 80 anos, a assumir a presidência da FIEMG na região. Sempre pude ocupar bem os espaços na minha vida profissional e também pessoal.

Cresci vendo minha mãe, Antônia Dalva, cuidando dos cinco filhos e ajudando o meu pai, Domingos Sávio, a erguer o patrimônio da família. Minha mãe é uma mulher forte e me inspiro nela. Meu pai é um homem de muita retidão, determinado e, ao mesmo tempo, muito simples. Herdei estas caraterísticas dele.

Observando a cidade, ouvindo as pessoas e o descontentamento delas, percebi que poderia fazer mais pelo município. Para isso, precisava me atirar no universo político. Foi o que fiz.

Durante a campanha, enfrentamos todo tipo de preconceito. Tentaram desqualificar as nossas propostas e construir uma falsa ideia de que eu, como mulher, não estava preparada para assumir o governo municipal. Veicularam também campanhas dizendo que “mulher não vota em mulher”, dentre outras estratégias que tornaram evidente o discurso de busca da dominação.

O primeiro escalão do meu governo é composto, em sua maioria, por mulheres. Elas foram escolhidas não pelo gênero, mas pela competência técnica. Acredito que estamos escrevendo uma nova história, não só em Uberaba, mas em toda região, já que assumi também a presidência do Consórcio de saúde e SAMU regional do Triângulo Sul, o Cistrisul. Ainda vejo no discurso dos opositores uma carga de preconceito por eu ser mulher, mas acredito que venceremos isto com a força do trabalho que estamos desenvolvendo.  O protagonismo feminino na política não tem volta. Vamos, a cada dia, ocupar os nossos espaços em Uberaba, em Minas Gerais, no Brasil e no mundo.

O Solidariedade elegeu 228 mulheres nas eleições de 2020, nove a mais do que no pleito anterior. A importância da representatividade e do apoio do partido em prol do protagonismo feminino, se reflete nos avanços no processo eleitoral e, cada vez mais, nos espaços e cargos ocupados por mulheres.

Somente com esse trabalho ativo poderemos alcançar a equidade de direitos, principalmente na política.