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Mulheres nos espaços de poder
Loreny

Loreny

Secretária Nacional da Igualdade Social e Diversidade

Para as mulheres é exaustiva a luta cotidiana para que se alcance o respeito e se conquiste este protagonismo.

Em um campeonato de futebol juvenil, numa cidade do interior, muitos meninos participaram empolgados da experiência de ter seu jogo narrado oficialmente por uma rádio local, seus lances apresentados para toda a família e amigos ouvindo pelas ondas do rádio.

Neste cenário havia uma menina. Sim, uma única menina, jogando entre os meninos. Quando entrevistada pelo organizador do campeonato para transmissão na rádio ela valorizou o desempenho de toda a equipe e do goleiro.

Mais tarde, um coleguinha se machucou no jogo e, mancando, foi conduzido para fora do gramado, apoiado nos braços, adivinhem, desta única menina em campo.

Conto essa história recente que testemunhei porque ela diz muito sobre a presença de mulheres nos espaços, em qualquer espaço, e principalmente da diferença que fazemos nos ambientes, não para “enfeitar, embelezar” os lugares como alguns dizem – achando que estão nos agradando com essa fala.

Mas fazemos a diferença com atitudes, com palavras, gestos, com a nossa liderança amorosa, e que também não deixa de ser firme sempre que necessário.

O Instituto Patrícia Galvão fez um estudo que apresenta que no Brasil a igualdade política de gênero somente acontecerá no ano 2118, se continuarmos na mesma velocidade de hoje o aumento da ocupação de cargos políticas por mulheres. Nós somos mais da metade do povo brasileiro. Mas ocupamos apenas 18% dos mandatos políticos do país. Por quê?

Algumas mudanças só vão ocorrer com mulheres no poder. Quem sente na pele a dificuldade sabe mais e sabe melhor o que fazer para resolver os problemas vividos. Por isso precisamos eleger mais mulheres que ocupem estes espaços de decisão.

Ficam evidentes os avanços, como no caso do recente projeto de equiparação salarial assinado pelo Presidente e enviado ao Congresso, amplamente defendido por uma candidata a presidente mulher, durante a campanha eleitoral.

Isso para garantir o que deveria ser óbvio, que homens e mulheres desempenhando a mesma função em iguais condições em uma empresa, tenham exatamente o mesmo salário, não como acontece hoje, que as mulheres ganham salários menores desempenhando as mesmas funções.

Para as mulheres é exaustiva a luta cotidiana para que se alcance o respeito e se conquiste este protagonismo. Muito machismo deve ser enfrentado, comprovação da capacidade, preocupações excessivas que não deveriam existir como com a vestimenta, a aparência, e um contexto social que vai contra a liderança das mulheres, seja pelo preconceito e competitividade destrutivos que nos cercam, seja por um inconsciente que exige da mulher posturas pré-estabelecidas como a figura maternal, que contrapõe uma liderança mais enérgica, assertiva ou de falas firmes, rotulando facilmente essa mulher como arrogante ou metida.

Diferente do que acontece com os homens, para os quais essas características são desejáveis e valorizadas como liderança. É emocionalmente desgastante.

Então, leitores, se puderem contribuir de alguma forma para a ampliação da ocupação de espaços de liderança e protagonismo por mulheres, seja no setor público ou privado, comecem fazendo o teste do pescoço e olhando ao redor para perceber que faltam mulheres liderando as coisas grandes ao seu redor, com exceção para o lar.

Na família, estatisticamente, são as mulheres que cuidam mais da casa, da educação das crianças, e essa também é uma realidade que já estamos trabalhando para melhorar, para que haja tempo suficiente no relógio para mulheres ocuparem o protagonismo nas grandes decisões mundiais.