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Mulheres negras contra a discriminação
Solange Moreira

Solange Moreira

Reflexão para a luta contra a discriminação racial

O Dia Internacional da Luta Contra a Discriminação Racial é um marco na luta pelas conquistas e desafios dos direitos negados a população negra, principalmente nós mulheres negras.

A data foi criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1966, na África do Sul, em memória às 69 pessoas negras mortas no “Massacre de Sharpeville” (1966), onde cerca de 20 mil pessoas negras protestavam contra a criação da Lei do Passe, que obrigava pessoas negras a portarem cartões de identificação com os locais aonde elas podiam transitar.

A luta contra a discriminação racial é diária para nós pessoas negras e a data é importante para trazer a reflexão sobre o racismo e preconceito com nossa raça/cor, que ainda se faz presente em nossa sociedade.

Em se tratando do gênero, o impacto da discriminação é ainda mais evidenciado. A mulher negra com menos oportunidades no mercado de trabalho, saúde, educação e a baixa   representatividade nos espaços de poder, se vê em uma condição de  invisibilidade para a sociedade e, consequentemente, para o poder público.

Essa condição de invisibilidade favorece ainda mais a discriminação racial contra mulheres negras. Outras questões sociais podem ser observadas a partir dessa discriminação, como o alto índice de feminicídio contra a mulher e os trabalhos inferiores as quais as mulheres negras são submetidas.

Diante desses cenários desfavoráveis para as mulheres negras, podemos afirmar que uma estratégia de enfrentamento a essas questões, além da implementação de ações afirmativas que permitam oportunidades ao acesso às políticas como educação, trabalho, saúde, segurança em iguais condições de uma mulher branca, são essenciais.

A sociedade precisa enxergar as mulheres negras com capacidade intelectual, profissional e política. E isso só será possível quando o acesso para representatividade dessas mulheres não forem negados nos vários espaços que elas se encontram e se organizam, seja na comunidade, no trabalho ou nos espaços de poder.

Será que não estamos ainda hoje veladamente sendo proibidas de transitarmos livremente nos vários espaços da sociedade? Que fique a reflexão para continuarmos lutando contra a discriminação racial enquanto for necessário.