O Agosto Lilás transcende a simbologia de uma cor no calendário, consolidando-se como um mês fundamental de intensa conscientização e enfrentamento à violência contra a mulher. No Brasil, essa iniciativa ganha força a cada ano, buscando dar voz às vítimas e educar a sociedade sobre as diversas formas de abuso que, muitas vezes, acontecem no silêncio do lar ou da rotina.
A campanha surgiu em 2016, marcando os dez anos da sanção da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), um marco fundamental na legislação brasileira contra a violência doméstica e familiar. Essa lei não só tipifica a violência contra a mulher, mas também estabelece mecanismos para coibi-la e prevenir sua ocorrência, além de criar juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher.
A complexidade da violência contra a mulher reside em suas múltiplas facetas, que vão muito além da agressão física visível. Cada uma dessas manifestações é igualmente devastadora e deixa marcas profundas. A violência se apresenta de forma física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, e cada uma delas impacta a integridade, a saúde emocional, a autoestima e a liberdade da mulher. Estas violências minam a autonomia, a confiança e a capacidade de reação das vítimas, frequentemente as aprisionando em ciclos de medo e submissão que são extremamente difíceis de romper.
Todas essas formas de violência deixam cicatrizes profundas, invisíveis ou não, nas vítimas, minando a autoestima, a confiança e a capacidade de reação, muitas vezes aprisionando a mulher em um ciclo de medo e submissão.Denunciar um agressor, buscar apoio e quebrar o ciclo da violência exige coragem e resiliência imensuráveis.
O processo de denúncia pode ainda reviver traumas; navegar pela burocracia do sistema judicial e confrontar o estigma social que pode recair sobre as vítimas, é exaustivo. Contudo, o custo do silêncio é muito mais alto: são vidas ceifadas, sonhos interrompidos e traumas que se perpetuam por gerações.
O Agosto Lilás é um lembrete inequívoco de que o combate à violência de gênero é uma responsabilidade coletiva, exigindo a quebra do silêncio, o apoio irrestrito às vítimas, a educação contínua sobre os direitos das mulheres e a fiscalização rigorosa da aplicação das leis. É imperativo que as vítimas compreendam que não estão isoladas e que existem canais de acolhimento e proteção eficazes.
Se você é vítima de violência ou conhece alguém que esteja sofrendo, não hesite em buscar ajuda. Você pode ligar para o 180, a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, um serviço gratuito que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. Em casos de emergência e flagrante, disque 190 para acionar a Polícia Militar.
Além disso, as Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) são especializadas no atendimento de mulheres vítimas de violência. Muitos estados e municípios também oferecem aplicativos e canais digitais para denúncias e orientações. A sua voz tem o poder de salvar vidas. Juntos, podemos construir um futuro onde a violência contra a mulher seja apenas uma triste lembrança do passado.