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Mães na política: lideranças femininas transformam dores em força e esperança
Mães na política: lideranças femininas transformam dores em força e esperança
Fundação 1º de Maio deseja um Feliz Dia das Mães.

Em um país onde as mulheres ganham menos, acumulam mais tarefas dentro de casa e ainda enfrentam dificuldades para conseguir vaga em creches, as mães estão entre as mais impactadas pela desigualdade social. Mulheres são responsáveis por chefiar quase a metade dos lares brasileiros. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), das 72.522.372 unidades domésticas do Brasil, 49,1% tinham mulheres como arrimo de família.

Avanços nos direitos das mulheres

Nas últimas décadas, o Brasil registrou avanços importantes no campo dos direitos das mulheres. Um dos marcos foi a Constituição Federal de 1988, que passou a garantir a igualdade de gênero como princípio fundamental e reconheceu a proteção à maternidade como um direito social. Já em 2006, a criação da Lei Maria da Penha representou um passo decisivo no combate à violência doméstica, ao estabelecer mecanismos de proteção para mulheres em situação de risco.

Outro avanço significativo foi o Bolsa Família, que desde o início tem as mulheres como protagonistas. De acordo com o site oficial do Governo Federal, das 20,89 milhões de famílias atendidas pelo programa, 17,4 milhões (83,4%) são chefiadas por mulheres. Atualmente, mães com filhos pequenos recebem um valor adicional, como forma de reconhecer o papel central que exercem no cuidado e na sobrevivência da família.

Pandemia agravou desigualdades

Durante a pandemia de Covid-19, desigualdades de gênero ficaram ainda mais evidentes. De acordo com dados do IBGE, no terceiro trimestre de 2020, cerca de 8,5 milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho, reduzindo a participação feminina para 45,8%, o nível mais baixo em três décadas. As mães solos, que somam mais de 11 milhões no Brasil, enfrentaram desafios ainda maiores, como sobrecarga de trabalho doméstico e cuidados, além de dificuldades financeiras agravadas pela pandemia.

Vozes que fazem a diferença

Seguimos lutando por um Brasil que pensa nas mulheres. Para entender melhor a importância de políticas voltadas para elas, conversamos com mulheres que realizam trabalhos significativos em suas comunidades. Entre elas estão Clarice da Silva Lemos, vereadora de Plácido de Castro (AC); Dirlaine do Conselho, vereadora de Goianápolis (GO); e Laís, advogada e vereadora de São Sebastião do Paraíso (MG). Todas atuam na criação de leis e projetos voltados à proteção e valorização das mulheres

A vereadora Clarice Lemos realizou um projeto de lei que veda a nomeação, para cargos públicos, de pessoas que tenham sido condenadas pela prática de violência doméstica ou familiar contra a mulher. Clarice afirmou: “Mãe é proteger, e eu levei esse instinto para a política. Criei a lei que proíbe que agressores ocupem cargos públicos, porque o poder deve proteger, não ameaçar”.

Já a vereadora Laís reforça a importância da presença feminina na política, principalmente de mulheres que são mães. “Quem é mãe sabe onde aperta, sabe o que falta. Sente na pele a importância de políticas públicas que funcionam. Quando ocupamos esses espaços, levamos para o centro das decisões a realidade que muitas vezes é ignorada”, destaca.

A vereadora Dirlaine do Conselho relembra da carga mental e física enfrentada pelas mães solo.
“Um beijo especial para as mães solo, que carregam o mundo nos ombros, as que lutam em silêncio, em jornadas duplas. Muitas das vezes são invisíveis”, encerra.

Quando uma mãe entra na política, ela leva com ela a voz de tantas outras que, todos os dias, lutam para dar conta de tudo mesmo com tão pouco. Políticas públicas criadas por quem vive na pele as dificuldades do povo têm mais chance de fazer a diferença de verdade. Que a coragem de Clarice, Laís e Dirlaine inspire outras mulheres a acreditarem no seu lugar de fala, de ação e de transformação.