Carregando...
Unidade na diversidade
Diógenes Sandim

Diógenes Sandim

Médico Sanitarista e consultor da Fundação 1º de Maio

Um comparativo entre a democracia, ditadura militar e os dias de hoje

Já falamos das características de ampla abrangência político-programática de nossa cultura partidária de centro e centro-esquerda – que na gestão pouco se diferenciam nos resultados práticos de governar. Neste momento, podemos afirmar que a diversidade de pensamentos e programa partidário é muito menor em relação a tudo que podemos perder se não unirmos em aliança para preservar o curso democrático pós 1985. Experimentamos nos “anos de chumbo” terríveis dissabores históricos com os 21 anos de ditadura civil militar a que fomos submetidos a partir de 1964 até 1985.  

O bolsonarismo que estamos vendo hoje, é a expressão do espectro de figuras do passado como o General Silvio Frota e Eduardo D`Avila Melo que queriam, durante o governo Geisel, dar um golpe no golpe/64 e instalar um regime de terror muito mais monstruoso do que existia até então. Esse espectro do passado, aproveitando uma brecha do inesperado, alcançaram o poder por meio da democracia, que pretende agora liquidá-la buscando, nos interstícios da burocracia do poder, aproveitar para construir suas bases autoritárias e resistir ao processo de aprofundamento da democracia brasileira, consignada na constituição cidadã de 1988.  

Contra essa articulação anti-iluminista em pleno século XXI – fazendo presença em vários países do mundo e no Brasil por essa falange bolsonarista – temos que usar a mesma arma vitoriosa do século passado contra o nazi-fascismo, quando não tivemos melhor ferramenta que uma ampla frente nacional e internacional pela democracia. Isso nos deu a vitória na segunda guerra mundial e aqui, no Brasil, no fim da ditadura do Estado novo. Em 1985, no plano da política com a frente ampla pela democracia, derrotamos a ditadura civil militar. 

Nesse momento que atravessamos uma tempestade de desmando desse governo, com toda sociedade sofrendo com o negacionismo da pandemia e com as investidas ininterruptas para o controle das instituições de Estado, não podemos titubear e esperar que cumpram seus desejos de nos colocar frente a um simulacro de nação. Não importa as peculiaridades partidárias neste momento, o que importa é salvarmos a democracia como valor para ser defendida por todos nós. Aqueles que, como eu, conheceram de perto a repressão da ditadura civil militar, sabe o quanto faz falta a liberdade civil para o desenvolvimento do processo civilizatório de uma nação. É no contexto de um estado democrático que será permitido ganhar corações e mentes para se alcançar novos paradigmas que possam vir a superar tradicionais excrecências de injustiças no seio da sociedade. A democracia é condição necessária para o exercício da cidadania ativa na perspectiva do bem comum.

Para uma ação de tal envergadura, é necessário começar já uma articulação de ampla frente contra esse governo do sr. Jair Bolsonaro, representante da falange negacionista do iluminismo em nosso país. Para alcançarmos em 2022 esta ampla aliança é necessário começar promovendo debates nesse sentido, juntar todas as entidades que desde 2020 vem se posicionando por meio de Manifestos pela Democracia, articulando adesão de novas forças políticas partidárias e da sociedade civil, agregando um Programa Mínimo para o Brasil retomar seu percurso interrompido por melhores condições de vida à população tradicionalmente excluída. Foi dessa forma que conseguimos derrotar a ditadura implantada em 1964, e será com respostas como essa que impediremos que um esbirro de sujeito possa dar sequência a seu desiderato destrambelhado, começado quando tomou posse em janeiro de 2019.