A escolha de Belém do Pará para sediar a 30ª Conferência das Partes da Convenção do Clima da ONU (COP30) em 2025 é um marco histórico para o Brasil e para o debate ambiental global. Pela primeira vez, o maior evento climático do mundo será realizado na Amazônia, coração da floresta tropical e epicentro das discussões sobre biodiversidade, desmatamento e justiça climática. A decisão, anunciada no ano passado, gerou grande expectativa e, inevitavelmente, uma série de debates sobre os desafios e oportunidades que essa realização trará para o país e para a região.
A importância da COP30 transcende a mera realização de um evento; ela representa um ponto de inflexão na agenda climática global. Ao sediar a conferência no Brasil, um país-chave para o futuro do clima, espera-se que as discussões se aprofundem em temas cruciais que afetam diretamente as nações em desenvolvimento. A questão do financiamento climático será central, com países como o Brasil, Indonésia e Congo pressionando por mais recursos para a transição energética e a adaptação aos impactos das mudanças climáticas. Além disso, a proteção da biodiversidade e a bioeconomia devem ganhar destaque, com a Amazônia servindo como um laboratório vivo para demonstrar como é possível conciliar desenvolvimento econômico com a conservação da natureza.
A lista de presenças esperadas inclui as mais altas figuras do cenário político e diplomático global. Além do presidente brasileiro, é certo que líderes como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e representantes da União Europeia, como Ursula von der Leyen, estarão em Belém. A presença de líderes da China, um dos maiores emissores de carbono do mundo, também é fundamental para o sucesso das negociações. A voz dos países africanos, caribenhos e insulares, os mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global, deve ser amplificada, com a participação de chefes de Estado e representantes de nações como Fiji e Bangladesh. O evento também será um palco para ativistas, cientistas e representantes de comunidades tradicionais, que trarão suas perspectivas e reivindicações para o centro das negociações.
A realização na Amazônia brasileira é um poderoso statement político. Ao levar chefes de Estado, negociadores, ativistas e cientistas para a porta de entrada da floresta, o Brasil busca colocar a realidade amazônica no centro das negociações climáticas. A expectativa é que a conferência sirva como um catalisador para ações concretas de proteção ambiental, desenvolvimento sustentável e valorização dos povos indígenas e comunidades tradicionais que vivem na região.
A visibilidade global que Belém receberá é imensa. Durante as semanas da conferência, os olhos do mundo estarão voltados para a capital paraense, o que representa uma oportunidade ímpar para o Brasil mostrar seus esforços na agenda climática, mas também expor os desafios persistentes. A pressão internacional para que o país apresente resultados concretos no combate ao desmatamento e na proteção da biodiversidade será intensificada, transformando a COP30 em um verdadeiro teste para as políticas ambientais brasileiras.
Faltando um mês para a COP30, que acontece entre 10 e 21 de dezembro, um dos grandes debates que antecedem a conferência é se a infraestrutura de Belém está preparada para receber um evento de tal magnitude. A cidade carece de investimentos significativos em mobilidade urbana, segurança, saneamento básico, hotelaria e conectividade para acomodar milhares de participantes. Embora o governo federal e o estado do Pará tenham garantido que os preparativos estão a todo vapor, a escala dos desafios é inegável e levanta preocupações sobre a capacidade de entrega dentro do prazo. A promessa é de que esses investimentos legados não apenas atenderão às necessidades da COP, mas também beneficiarão a população local a longo prazo, impulsionando o desenvolvimento regional.
Além da infraestrutura, a pauta da COP30 promete ser intensa. A Amazônia, com sua biodiversidade única e seu papel crucial na regulação do clima global, certamente será um dos temas centrais, com debates sobre bioeconomia, restauração florestal e o papel dos mercados de carbono. A participação dos povos indígenas e comunidades tradicionais, que são os guardiões da floresta, será fundamental para legitimar as discussões e garantir que suas vozes sejam ouvidas e suas demandas atendidas.
A realização em Belém é, portanto, uma faca de dois gumes. Por um lado, oferece ao Brasil a chance de reafirmar sua liderança na agenda climática e de mobilizar recursos e atenção para a Amazônia. Por outro, impõe ao país uma responsabilidade enorme e uma vigilância sem precedentes por parte da comunidade internacional. O sucesso da COP30 não será medido apenas pela qualidade dos acordos assinados, mas também pelo legado que deixará para Belém e para a Amazônia, impulsionando um modelo de desenvolvimento que seja verdadeiramente sustentável e inclusivo. O desafio é grande, mas a oportunidade de garantir o futuro do planeta a partir do coração da floresta é ainda maior.